Estava no oitavo mês de gestação quando tive a infelicidade da recomendação do livro Encantadora de Bebês, da Tracy Hogg. Infelicidade porque esse livro foi o responsável por um período neurótico (mais ou menos 1 mês) depois do nascimento da pequena Liv.
Essa autora, babá há uns quantos anos, desenvolveu técnicas para colocar a criança numa rotina que denomina E.A.S.Y. (Eating, Activity, Sleeping, You). Em ciclos de 3 horas você deve amamentar (E), brincar (inclui troca de fralda) (A), colocar para dormir (S) e daí você teria um tempo para você (Y). Tudo com tempo de duração específico. Até aí plausível, se você está lidando com um boneco de cera e não com uma pessoa.
Assim que saí da maternidade, preocupei-me prontamente em colocar a Liv na rotina. Que bobagem! Nada dava certo. Amamentar durava bem pouquinho, dormir também... Sempre me perguntava o que EU estava fazendo errado? Por que a Livia não entrava na rotina?
Apesar de percebemos que ela utiliza estudos recentes sobre bebês, há algo peculiarmente ridículo no seu modo de lidar com crianças. Além de impor rotina a um recém nascido, relevante apenas para os pais, essa senhora, que se auto-denomina encantadora, não prevê cólicas, refluxos ou qualquer outro tipo de adversidade freqüente pela qual o bebê pode passar. Para piorar, pais e bebês ficam confinados, presos em casa, realizando uma rotina robótica. Quem é que agüenta?
Arrependo-me severamente de ter apenas tentado. Estragos foram feitos. A Liv não curte muito colo e muito menos dorme nele, nem mamando. Tem algo mais gostoso do que dar colo, para confortar e deixar aquele pequeno ser adormecer em seus braços?
Hoje, digo:
- dê colo sim, não escute ninguém que diga que você vai acostumar mal. Essa fase passa e já já, quando ele aprender a engatinhar ou andar, nem vai gostar mais.
- deixe mamar e dormir, essa história de associar alimentação com sono é a maior bobagem!
- saia com seu pequeno desde cedo, ele vai adorar!
- amamente em livre demanda, sem estabelecer horários rígidos. Amamentar deve ser um ato prazeroso e espontâneo. É mais do que alimentar, é confortar e dar carinho. Não estipule momentos para afeto.
- cada bebê tem um temperamento... Colocá-lo num padrão pode inibir potencialidades.
Cheguei a conclusão que esse livro é mais um golpe de marketing... E muito, mas muito vendido (eu mesma comprei um exemplar, lamentavelmente)! Como diz o meu marido: “esse livro tem que ir para fogueira.”
Acima de tudo, somos mães e não encantadoras ou babás. O instinto e o amor de mãe são o que temos de mais precioso. Confie nele e faça o que VOCÊ acreditar ser melhor para o seu filho.
Você admite que o livro é de certa forma dispensável, mas me deixar queimar que é bom, nada! hehehehe
ResponderExcluirÉ Susie, é a mesma questão de muitos (todos os) livros de auto-ajuda por ai. Estabelecer regras gerais e dizer que todo ser humano se encaixa naquilo não rola.
ResponderExcluirPelo menos essa bosta não é psicóloga. Porque, olha, o que tem desse povo escrevendo merda pra ganhar dinheiro por ai, não tá escrito.
Taí. Vou escrever um livro. HÁ!
Beijones
Nossa Su, muito boas as suas informações!
ResponderExcluirMuitas vezes, no anseio de dar uma criação melhor, de aprender mais para melhor cuidar dos filhos, muitas mães acabam caindo nessa. E, certamente, eu sei que tb cairia nessas "historinhas" deste tipo de livro.
Achei muito bonito isso que você disse, de respeitar o ritmo da Liv, pois ainda que um bebezinho (e mais pra frente uma criança maiorzinha, depoooois adolescente etc etc), ela é uma pessoa que deve ter seus limites reconhecidos, e não se adequar ao que é mais conveniente aos pais.
No meu estágio de clínica infantil, trabalhei com uma abordagem da psicanálise francesa que falava justamente de vc tratar as crianças como pessoas que devem ter sua opinião respeitada: os pequenos devem ser consultados am relação a decisões que os envolva, os pais devem procurar conversar e explicar o que está acontecendo e não passar por cima disso e fazer o que acham melhor. Foi uma visão muito diferente da minha educação e, no geral, da educação que o brasileiro recebe, onde os pais "sempre sabem o que é melhor para o filho", e costumam se impor frequentemente.
Bacana seu post!
Um beijo,
Nat
Eu também cometi a bobagem de comprar esse livro na gravidez, hoje não sei nem onde ele está, para poder queimá-lo.
ResponderExcluirQuando voltamos para casa do hospital, eu até pensava em procurá-lo para tentar por em prática alguma coisa, sorte que não tive tempo. Depois desencanei. Fred tem um ritmo próprio, jamais conseguiria "enquadrá-lo" em um esquema de rotinas e horários que os criados pela sua própria natureza, de bebê que mama muito, quer colo, aconchego, carinho, segurança...
Adorei seu blog.
Beijos!!!