terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Poucas Palavras


Esse blog tem tirado férias. Como as de meu marido, em novembro, elas passaram rápido. Já caminhamos para o término de um ano cujas mudanças foram as mais drásticas da minha vida. Muito aprendi, mas muitas das percepções que tenho sobre os seres humanos foram corroboradas. Reafirmaram-se os aspectos de competição, inveja e não-cumplicidade que já compreendia ser inerente a nossa sociedade. A ajuda sempre vem preenchida de prepotência, o cuidar, de interesse, as palavras, de inverdades e críticas e assim caminha a humanidade.

Quando adolescente, confesso não ter sido a mais socializável, entendia que ficar reservada seria uma maneira de fugir da confusão que são as relações humanas. Hoje, essa idéia retorna. Decidi sair um pouco do ambiente da internet, pois pouco tem agregado na minha vida, exceto automatizar minhas relações. Sinto-me distante dos meus mais queridos amigos, ao mesmo tempo, tenho notícias impessoais deles. Dedico tempo a formalidades tendo meu marido, filha e família. Fecho um ciclo.

Ontem consegui, finalmente, assistir Morangos Silvestres. Bergman sempre foi um dos diretores que mais admirei, principalmente pela elaboração de roteiros de tanta densidade e simbologia. Prof. Borg, um médico de 78 anos, a caminho de sua homenagem pela vida acadêmica, põe em xeque toda a sua existência enquanto sonha sobre sua morte. No caminho, descobre a frieza com a qual tratou as pessoas durante toda a vida e busca a redenção em seus últimos momentos.

Não quero descobrir tarde estar priorizando coisas erradas, pessoas erradas... Continuarei escrevendo aqui esporadicamente, dando notícias sobre a pequerrucha que mais amo. No entanto, reservo-me o direito de me reservar e criar a minha pequenina como acredito ser o melhor para ela e não para os outros. Mesmo que nós, eu e ela, façamos parte de uma minoria.

Um abraço,

Suellen

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Leite em pó e os pediatras da Nestlé

Num mundo governado pelo capital, não é de se surpreender que a alimentação dos nossos filhos se torne mercadoria. Pior ainda quando se tratada alimentação de um bebê.

Na década de 1920, a Nestlé chega ao Brasil. A farinha láctea, responsável pela criação da empresa, já era importada antes da instalação da primeira fábrica da Nestlé no estado de São Paulo, a qual se destinava a produção do Leite Moça. Em 1929 e 1931, respectivamente, surgiram o Lactogeno e o Nestogeno, leites em pó para consumidores mirins, desde o nascimento.

Em artigo consultado, cuja discussão evidencia a importância dos almanaques nos aspectos culturais da sociedade brasileira, cita-se : A propaganda do Almanaque Nestlé (1940, p. 13) oferecia o leite industrializado desde os primeiros dias de vida da criança: "Lactogeno é um leite em pó preparado pela Nestlé, de composição semelhante à do leite materno, e especialmente indicado para a alimentação dos bebês, desde os primeiros dias. Leite em Pó LACTOGENO faz crianças fortes e alegres".”

Cabe ressaltar que no inicio do século XX os brasileiros passavam por um processo de modernização crescente ligado ao incremento industrial. Portanto, aspectos culturais foram se modificando, entre eles o aleitamento materno. A citada industrialização e a progressiva inserção das mulheres no mercado de trabalho foram responsáveis pela demanda, e também por maior propaganda, de leites artificiais.

O aumento da oferta dos leites industrializados no Brasil, a partir da década de 1930, produziu mudanças nos discursos médicos relacionados à amamentação. Segundo Almeida (1999, p. 39), a corporação médica, aos poucos, deixou de condenar o desmame para, subliminarmente, estimular a alimentação artificial com a mamadeira.” Logo, o chamado “biberon”, de origem francesa, e o leite em pó se tornaram sinônimos de modernidade.

Desde então a Nestlé apresenta discursos em prol dos pediatras, como na campanha de 2009 que mencionei no post anterior, e também em prol da construção de uma nação de crianças bem alimentadas, calmas, equilibradas, com bons hábitos de saúde e educação.

Assim como o parto cesariano tem sido indicado deliberadamente para mulheres que poderiam passar por trabalho de parto normal, os médicos cada vez mais induzem as mães a “complementar” a alimentação de seus bebês com leite em pó. Para recém nascidos que não atingem a curva média de crescimento, mães com dificuldades na amamentação, até outros problemas de alergia alimentar (como foi o caso com a Liv) ou não dormir a noite, leite artificial tem sido a resposta.

Pausa: gostaria de deixar esclarecido que não sou contra as mães que dão mamadeira de leite em pó para seus bebês. Fico, sim, muito revoltada com médicos que, sem motivos substanciosos, empurram o NAN ou qualquer outro para essas mães, levando-as crer que seu leite é fraco ou que não sabem amamentar.

A verdade é que todos esses problemas seriam resolvidos se os profissionais estivessem comprometidos com o bem estar da mãe e do bebê e dispostos a, de fato, ajudar ambos. Quero também lembrar que amamentar não é um ato fácil como se apregoa por aí. É preciso paciência e toda a orientação possível. Sem isso, está fadada ao fracasso. Por exemplo: o bebê deve esvaziar uma mama, antes de oferecer-lhe a outra. O leite tem duas fases: uma mais aquosa, cuja função é hidratação, e uma mais gordurosa, para a engorda do rebento. Se você seguir a orientação dada por alguns médicos de cronometrar no relógio X minutos no peito direito, X no esquerdo, seu bebê pode ficar sem receber a parte mais calórica do leite. Logo, ele poderá engordar menos. Obviamente, ele precisará de complemento na opinião desse mesmo médico.

Pediatras agradecem bebês bem gordinhos em seus consultórios; sinônimo de que é um médico muito bom...

Não sou fundamentalista. Existem casos e casos. Mas a resposta para todos os casos não é o leite artificial. Acredito, sim, que as relações baseadas na hipocrisia e no dinheiro podem comprometer a nossa saúde e a dos nossos filhos.

Um abraço,

Suellen

Artigo: A infância nos almanaques: nacionalismo, saúde e educação (Brasil 1920-1940)

Site: História da Nestlé

Blog Mamadeira Nunca Mais

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Fim da Tormenta?


Há algum tempo não venho com notícias neste blog. Parece que, mesmo negada por alguns especialistas, passei pela crise dos 3 meses com a pequena Livia. Isso porque, na semana em que completou os exatos 3 meses, as coisas desandaram de um jeito que todas as explicações buscadas não davam conta de melhorar a situação.

Tudo começou com noites mal dormidas. De dia era uma irritação só. O choro se tornou constante. O pediatra acreditou que se tratava de fome e passou complementação (leite materno ou NAN na mamadeira). Ok, ela não queria... Depois de uma semana, quando tudo parecia ter voltado ao normal, estávamos no mesmo pé.

Decidi procurar outro médico, afim de sanar as dúvidas e entender porque alguns sintomas tinham sido ignorados pelo anterior: sangue e muco nas fezes, as quais vinham em excesso depois das mamadas. Esses, disse ele, são fatores cujo diagnóstico é alergia à proteína do leite da vaca. Simples assim? Parece que foi. Cortei leite e derivados e voltei a dormir a noite e boa parte da irritação de dia cessou.

Parece, assim espero, que esse foi o desfecho da história. Não foi fácil, mas passou. Talvez não precise comentar, mas fiquei bastante revoltada com o pediatra. Uma investigação um pouco mais atenta poderia ter evitado tudo isso.

Um dia conto para vocês as contradições com as quais me deparei. Tem a ver com o fato da amamentação, apesar de muito incentivada, pode ser facilmente negligenciada pelos médicos. A inserção de leite em pó nas dietas das crianças, nem sempre necessária, é mais comum do que imaginamos. Sem teorias da conspiração, a Nestlé tem forte vínculo com a SBP - Sociedade Brasileira de Pediatria - logo, os profissionais tendem a boicotar a amamentação ou simplesmente não dão o suporte e informações necessários para que as mães continuem amamentando.


Isso é conversa para um outro post...

Um abraço,

Suellen

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Dor do Choro

Eis que a minha pequena agora dorme. Foi uma briga feia de alguns minutos; dela com o soninho. Mamãe agora chora, de cansaço, de angústia...

Há uma semana não durmo direito. O padrão de sono da Livia mudou drasticamente após ter completado 3 meses. Dizia, com orgulho, quando comecei esse blog, que meu bebê dormia das 19h as 7h com apenas 2 mamadas. Hoje, ela acorda 5, 6 ou mais vezes, ora para mamar, ora para colocar a chupeta.

Outra frustração foi levá-la ao pediatra e constatarmos seu ganho de peso abaixo da média. “É preciso complementação”. Dar NAN 1, sendo que faço doação de leite? Como assim? Tem algo errado... Ela recusa meu peito depois de mamar, mas não é possível que seja desmame precoce. Sempre interpretei como se estivesse saciada e ainda acredito que não passe fome.

Suspeito, isso sim, da minha super proteção, de nunca querer vê-la chorar. Em nenhum desses 3 meses ela adormeceu sozinha. Sempre foi com mamá, com mantinha, com chiado, com balanço. Poucas vezes dei oportunidade a ela de se acalmar sozinha, mesmo que para isso ela precisasse chorar. Logo, ela não dorme quando quer, mas quando EU quero.

Ela hoje chorou, chorou muito. Peguei no colo, coloquei a chupeta, barulho de mar, balancinho... nada a acalmava. Ela chorou bastante e, firme, não chorei, mas estive junto dela o tempo todo. Espero que ela saiba que eu estava lá, presente, sem saber o que fazer, mas estive presente. No fim, dormiu.

Talvez agora seja hora dela caminhar esse passo sozinha. Mas dói tanto no coração da mãe.

Um abraço,


Suellen

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Filho de Peixe...


Quando estava grávida, criei várias expectativas quanto ao temperamento do meu bebê. Isso porque, na gestação, tendemos a visualizar um bebê ideal, obra da nossa ilusão. Mesmo não sabendo se era menino ou menina, imaginava-me tendo um filho muito tranqüilo e bonzinho. Não digo que a pequena Liv não seja tranqüila e boazinha, no entanto não é a calmaria que imaginara.

Sinal de saúde uma pessoinha tão ativa e curiosa. Esbugalha os olhões para tudo e se remexe inteira, apesar da falta de coordenação. Durante o dia precisa de muito cuidado para adormecer e assim permanecer; em outras ocasiões comentei que dorme apenas 30-45 min e acorda super disposta, sorridente. Mas chora de cansaço e resiste ao sono. É o jeitinho dela.

É o jeitinho também das mulheres da família; bisavó, avó e mãe. Agitadas, perspicazes, não se permitem estarem paradas. Minha mãe me alertou: “fique tranqüila, senão a Livia será um bebê agitado”. Receio que ela nasceu até bem calma, perante os 9 meses que passei. Foram preocupações da faculdade, dos preparativos do casamento, da chegada de um recém nascido e qualquer outro imprevisto... Não sou a pessoa mais zen do mundo, pelo contrário, então como poderia ter uma filha assim?

Há uns poucos anos sonhava em mudar o mundo, realizar grandes projetos em prol da sociedade. Agora sei que cada um faz o seu pouquinho para mudar o entorno. Meu maior projeto dorme agora em seu balancinho...

Um abraço,


Suellen

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Toda mãe tem um pouco de astronauta

Sempre ao término da semana a sensação que tenho é de missão cumprida. Cuidar sozinha de todos os fazeres de uma casa e de um bebê é tarefa de malabarismo cotidiano. Acrescente a esse dia-a-dia uma faculdade e, se tudo der certo, um trabalho, eis que, suponho, se faz uma mulher a beira de um ataque de nervos.

Refletindo sobre a nossa natureza de mãe, penso que, talvez, sejamos todas um pouco doidas. Mulheres complexas que somos por essência, a maternidade dá um quê a mais em nossos espíritos. Nos sentimos mais solitárias e por isso ansiamos conversar; falamos rapidamente pela necessidade de compartilhar o vivido. Nossas emoções estão sempre a flor da pele, seja felicidade, seja tristeza ou raiva, tudo é exacerbado. Essa loucura possibilita vivenciar o dia-a-dia sem surtar completamente.

Quem não reconhece que o mundo de mãe, principalmente de bebês, é esquizofrênico? Quantidade considerável de nós passa a maior parte do tempo dentro de casa, pois poucos passeios se mostram adequados a mães e bebês. Mal conseguimos ler um livro, ver um filme inteiro, ou um noticiário... Difícil tirar de nós comentários a cerca do mundo out side.Nos fechamos no mundo mágico de nossos bebês, gostoso, mas sem completude da realidade.

Essa realidade esquizoide tem seus estágios: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação, Ok, nós mães não somos doentes terminais e algumas de nós aceitam muito bem a nova fase, sem questionamentos. Não obstante, se tornar mãe significa a morte da liberdade como indivíduo e início de uma preocupação perpétua, que nunca nos abandonará. Tensão é um sentimento que tem me acompanhado nos últimos 3 meses. E isso tem refletido de forma negativa nos meus relacionamentos, principalmente, naqueles de convívio diário.

Devo me espelhar nos astronautas. Sempre admirei muito essa profissão, pois, cercada de um misticismo curioso, o sujeito precisa ser o mais equilibrado e centrado da Terra. Recebe treinamento árduo para ter forças físicas e psicológicas para suportar as mudanças não só de pressão e temperatura, mas do confinamento sob o qual ele é submetido. Como recompensa, vê um Universo lindo, cheio de estrelas, novos planetas e, mais importante, observa a Terra sob uma nova perspectiva. Toda beleza e aprendizado que o Universo detêm podem não ser aproveitados se esse astronauta focar apenas nos aspectos penosos do seu trabalho. Acho que toda mãe deve se espelhar nos astronautas...


Um abraço a todos que leêm,

Suellen

PS: Hoje, quero deixar um recadinho:

Marido, perdoe-me por descabelar você toda a noite com o meu cansaço e preocupações. Te amo para todo sempre. Espero que possamos nos divertir no final de semana.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A Encantadora de Bebês

Estava no oitavo mês de gestação quando tive a infelicidade da recomendação do livro Encantadora de Bebês, da Tracy Hogg. Infelicidade porque esse livro foi o responsável por um período neurótico (mais ou menos 1 mês) depois do nascimento da pequena Liv.

Essa autora, babá há uns quantos anos, desenvolveu técnicas para colocar a criança numa rotina que denomina E.A.S.Y. (Eating, Activity, Sleeping, You). Em ciclos de 3 horas você deve amamentar (E), brincar (inclui troca de fralda) (A), colocar para dormir (S) e daí você teria um tempo para você (Y). Tudo com tempo de duração específico. Até aí plausível, se você está lidando com um boneco de cera e não com uma pessoa.

Assim que saí da maternidade, preocupei-me prontamente em colocar a Liv na rotina. Que bobagem! Nada dava certo. Amamentar durava bem pouquinho, dormir também... Sempre me perguntava o que EU estava fazendo errado? Por que a Livia não entrava na rotina?

Apesar de percebemos que ela utiliza estudos recentes sobre bebês, há algo peculiarmente ridículo no seu modo de lidar com crianças. Além de impor rotina a um recém nascido, relevante apenas para os pais, essa senhora, que se auto-denomina encantadora, não prevê cólicas, refluxos ou qualquer outro tipo de adversidade freqüente pela qual o bebê pode passar. Para piorar, pais e bebês ficam confinados, presos em casa, realizando uma rotina robótica. Quem é que agüenta?

Arrependo-me severamente de ter apenas tentado. Estragos foram feitos. A Liv não curte muito colo e muito menos dorme nele, nem mamando. Tem algo mais gostoso do que dar colo, para confortar e deixar aquele pequeno ser adormecer em seus braços?

Hoje, digo:

  • dê colo sim, não escute ninguém que diga que você vai acostumar mal. Essa fase passa e já já, quando ele aprender a engatinhar ou andar, nem vai gostar mais.
  • deixe mamar e dormir, essa história de associar alimentação com sono é a maior bobagem!
  • saia com seu pequeno desde cedo, ele vai adorar!
  • amamente em livre demanda, sem estabelecer horários rígidos. Amamentar deve ser um ato prazeroso e espontâneo. É mais do que alimentar, é confortar e dar carinho. Não estipule momentos para afeto.
  • cada bebê tem um temperamento... Colocá-lo num padrão pode inibir potencialidades.

Cheguei a conclusão que esse livro é mais um golpe de marketing... E muito, mas muito vendido (eu mesma comprei um exemplar, lamentavelmente)! Como diz o meu marido: “esse livro tem que ir para fogueira.”

Acima de tudo, somos mães e não encantadoras ou babás. O instinto e o amor de mãe são o que temos de mais precioso. Confie nele e faça o que VOCÊ acreditar ser melhor para o seu filho.

Um abraço!

Suellen

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

8 Fatos Sobre o Sono dos Bebês


Hoje o post é longo, mas muito útil sobre sono de bebês. Comecei a entender o porquê da Liv acordar depois de 45 minutos de sono e parei de me culpar, achando que estava fazendo algo errado no ritual do sono. Esse texto foi retirado do grupo Soluções para Noites Sem Choro, do Facebook.


"1. Como você dorme - Depois de vestir-se ou despir-se para ir para a cama, a maioria dos adultos relaxa para o sono ao executar vários rituais noturnos: leitura, música, TV ou sexo. Quando você adormece, os centros elevados no cérebro começam a descansar, possibilitando a você entrar nos estágios de sono profundo chamados "não-REM" (REM da sigla em inglês para movimentos rápidos dos olhos), ou sono profundo (também chamado de sono tranqüilo). Sua mente e seu corpo estão mais tranqüilos durante esse estágio do sono. Seu corpo está parado, sua respiração está superficial e regular, seus músculos estão soltos e você está "chapado". Depois de uma hora e meia nesse estágio de sono tranqüilo, seu cérebro começa a "despertar" e começa a trabalhar, o que tira você do sono profundo, trazendo-o para o sono leve ou sono ativo, chamado de sono REM (movimento rápido dos olhos). Durante esse estágio do sono seus olhos realmente se movem sob suas pálpebras enquanto seu cérebro se exercita. Você sonha e começa a se mexer e talvez até arrume as cobertas sem estar totalmente acordado. É durante esse estágio do sono que você talvez acorde para ir ao banheiro, para depois retornar à cama e mergulhar num sono profundo. Estes ciclos alternados de sono leve e profundo continuam a cada duas horas ao longo da noite, então um adulto típico pode ter uma média de seis horas em sono tranqüilo e duas horas em sono ativo. Portanto, você não dorme profundamente a noite toda, embora talvez sinta como se dormisse.


Início do Sono


2. Como bebês iniciam o sono - Você está embalando, caminhando ou amamentando seu bebê e as pálpebras dele começam a fechar assim que ele adormece em seus braços. Os olhos dele fecham-se completamente, as pálpebras continuam a tremer e a respiração ainda é irregular. As mãos e braços estão flexionados, e ele pode se assustar, contrair os músculos e sorrir rapidamente, é o chamado "sorriso do sono". Ele talvez continue a sugar com a boca tremendo. Assim que você dobra seu corpo para colocar seu bebê "adormecido" no berço e tentar sair silenciosamente de perto, ele acorda e chora. Isso acontece porque ele não estava completamente adormecido. Ele estava ainda naquele estágio de sono leve quando você o colocou no berço. Agora tente novamente seu ritual noturno, mas continue por mais tempo (cerca de 20 minutos a mais). Você vai notar que o bebê pára de sorrir e de contrair-se; a respiração dele torna-se mais regular e superficial, os músculos completamente relaxados. Os punhos fechados abrem-se e os braços e pernas ficam pendurados como se não tivessem peso algum. Martha e eu chamamos isso de "membros bambos", um sinal de sono profundo. O bebê agora está num sono mais profundo, permitindo que você o coloque no berço e saia de perto, suspirando aliviado e satisfeito porque seu bebê finalmente está descansando confortavelmente.


LIÇÃO NÚMERO 1 PARA OS PAIS NA HORA DE DORMIR: Bebês precisam dos pais para dormir, não podem simplesmente ser postos para dormir. Alguns bebês podem ser colocados no berço sonolentos mas ainda acordados e cair no sono por si sós, outros precisam de ajuda dos pais, sendo embalados ou amamentados para dormir.


A razão é que, enquanto adultos podem geralmente ir direto para o estágio de sono profundo, bebês nos seus primeiros meses de vida caem no sono através de um período inicial de sono leve. Depois de 20 minutos ou mais eles gradualmente entram no sono profundo, do qual eles não são tão facilmente despertados. Como você provavelmente sabe por experiência própria, se você tentar apressar seu bebê para colocá-lo na cama enquanto ele ainda está no estágio inicial de sono leve, ele geralmente acorda. Muitos pais e mães me dizem: "Meu bebê precisa estar completamente adormecido antes que eu possa colocá-lo no berço." Em alguns meses, alguns bebês podem cair num sono profundo mais rapidamente, ultrapassando o longo estágio de sono leve. Aprenda a reconhecer os estágios de sono do seu bebê. Espere até que seu bebê esteja num sono profundo antes de mudá-lo de um lugar para outro, como da sua cama para o berço ou da cadeirinha do carro para cama/berço.


3. Bebês têm ciclos de sono mais curtos que você. Permaneça em pé ao lado do seu bebê adormecido e observe enquanto ele dorme. Cerca de uma hora depois que ele adormece, ele começa a se encolher, revira-se um pouco, suas pálpebras mexem, ele esboça um sosrriso, sua respiração torna-se irregular, seus músculos contraem-se. Ele está novamente entrando na fase de sono leve. O tempo de transição entre sono profundo e sono leve é um período vulnerável durante o qual muitos bebês vão acordar se houver algum estímulo desconfortável ou irritante, como fome.


Se o bebê não acordar, ele permanecerá neste período de sono leve durante os próximos 10 minutos e retorna novamente para o sono profundo. Os ciclos de sono dos adultos (passagem de sono leve para profundo e depois de volta ao sono leve) duram em média 90 minutos. Os ciclos de sono dos bebês é mais curto, durando 50 a 60 minutos, então eles vivenciam um período vulnerável para acordar no meio da noite a cada hora ou até menos. Quando seu bebê entra no ciclo de sono leve, se você colocar uma mão carinhosa nas costas dele e cantar uma cantiga de ninar calma, ou somente permanecer ao lado do bebê se ele estiver na sua cama; você pode ajudá-lo a superar esse período de sono leve sem acordar.


LIÇÃO NÚMERO 2 PARA OS PAIS NA HORA DE DORMIR: Alguns bebês precisam de ajuda para adormecerem novamente.


Alguns bebês "auto-suficientes" podem superar o período vulnerável sem despertarem completamente e se eles acordam, eles podem retornar ao sono profundo sozinhos. Outros bebês precisam de uma mão carinhosa, uma voz ou o seio da mãe para retornar ao sono profundo. A partir destas diferenças únicas no ciclo de sono, aprendemos que um dos objetivos da atuação dos pais na hora de colocar os bebês para dormir é criar um ambiente que auxilie o bebê a superar o período vulnerável e retornar ao sono profundo sem acordar.


4. Bebês não dormem tão profundamente quanto você. Não só os bebês levam mais tempo para adormecer como também têm períodos vulneráveis para acordar com mais freqüência; eles têm duas vezes mais períodos de sono ativo ou leve que os adultos. À primeira vista, isso parece injusto com os pais cansados depois de um longo dia de cuidados com o bebê. Entretanto, se você considerar o princípio de desenvolvimento por trás da forma como os bebês dormem - ou não - por uma razão vital, pode parecer mais fácil para você compreender as necessidades do seu bebê na hora de adormecer e desenvolver um estilo de "hora de dormir" que ajude mais do que prejudique os ritmos naturais de sono do bebê. É aqui que aparecem os meus conflitos com os "treinadores de sono" modernos que recomendam uma variedade de técnicas e apetrechos para ajudar o bebê a dormir mais profundamente durante a noite - há um preço, e talvez, um risco.


Uma questão de sobrevivência


5. Acordar durante a noite traz benefícios à sobrevivência. Nos primeiros meses de vida, as necessidades do bebê estão no limite máximo, mas sua habilidade de comunicá-las é mínima. Suponhamos que um bebê permanece profundamente adormecido durante a maior parte da noite. Algumas necessidades básicas iriam permanecer não supridas. Bebês novinhos têm estômagos diminutos e o leite materno é digerido muito rapidamente. Se o estímulo de fome do bebê não o acordasse facilmente, isso não seria bom para sobrevivência dele. Se um nariz entupido e uma dificuldade respiratória, ou um ambiente frio o incomodassem e o estado de sono estivesse tão profundo que ele não pudesse comunicar tais necessidades, a sobrevivência dessa criança estaria em jogo.


Uma coisa que aprendemos durante nossos anos em pediatria é que bebês fazem o que fazem porque eles foram programados dessa forma. No caso do sono do lactente, pesquisas sugerem que o sono ativo protege os bebês. Imagine que seu bebê dormisse como um adulto, o que significaria o predomínio do sono profundo. Parece maravilhoso ! Para você, talvez, mas não para o bebê. Imagine que o bebê tivesse necessidade de calor, comida, ou uma via aérea desobstruída, mas porque ele estivesse dormindo tão profundamente ele não pudesse despertar e reconhecer ou agir para ter suas necessidades supridas. O bem-estar do bebê estaria ameaçado. Parece que bebês nascem programados com padrões de sono que possibilitam acordar em resposta a circunstâncias que ameaçam seu bem-estar. Nós acreditamos e pesquisas respaldam que os estágios freqüentes de sono REM servem ao melhor interesse psicológico dos bebês durante os primeiros meses, quando seu bem-estar está mais ameaçado.


LIÇÃO NÚMERO 3 PARA OS PAIS NA HORA DE DORMIR: Encorajar um bebê a dormir profundamente demais, cedo demais, pode não servir ao melhor interesse de sobrevivência e desenvolvimento do bebê. É por isso que novos pais, vulneráveis aos apelos dos "treinadores do sono" para conseguir que seus bebês durmam a noite, não devem se sentir pressionados a conseguir que seus bebês durmam por tempo demais, profudamente demais, cedo demais.


6. Acordar durante a noite tem seus benefícios em termos de desenvolvimento. Pesquisadores do sono acreditam que bebês dormem de forma mais "inteligente" que os adultos. Eles teorizam que o sono leve ajuda o cérebro a desenvolver-se porque este não descansa durante o sono REM. De fato, o fluxo sangüíneo até o cérebro quase dobra durante o sono REM. (Esse aumento de fluxo sangüíneo é particularmente evidente na área do cérebro que controla automaticamente a respiração). Durante o sono REM o corpo aumenta a sua produção de certas proteínas nervosas, os "tijolos" de construção do cérebro. Acredita-se que a aprendizagem também ocorra durante o estágio ativo de sono. O cérebro pode usar esse momento para processar informações adquiridas enquanto desperto, armazenando o que é benéfico ao indivíduo e descartando o que não é.


Alguns pesquisadores do sono acreditam que o sono REM age para auto-estimular o cérebro em desenvolvimento, provendo imagens benéficas que promovem o desenvolvimento mental. Durante o estágio de sono leve, os centros mais elevados do cérebro permanecem operando, mas durante o sono profundo esses centros são desligados e o bebê é mantido através dos centros inferiores do seu cérebro. É possível que durante o estágio de crescimento rápido do cérebro (o cérebro dos bebês cresce até cerca de 70% do volume adulto durante os primeiros 2 anos), o cérebro precise continuar funcionando durante o sono para desenvolver-se. É interessante notar que prematuros passam ainda mais tempo do seu sono (aproximadamente 90%) em REM, talvez para acelerar o crescimento cerebral.


Como se pode ver, o período da vida quando humanos dormem mais e o seu cérebro se desenvolve mais rapidamente é também aquele em que eles têm o sono mais ativo. Certa vez, quando eu estava explicando a teoria do sono leve que desenvolve o cérebro dos bebês, uma mãe cansada de um bebê muito alerta deu uma gargalhada e disse "se isso é verdade, meu bebê vai ser muito inteligente".


7. À medida em que crescem, os bebês atingem a maturidade do sono. "Okay", você diz, "eu entendo o planejamento do desenvolvimento, mas quando meu bebê vai dormir durante a noite toda ?" A idade na qual os bebês se acomodam - o que significa quando eles adormecem rapidamente e permanecem adormecidos varia enormemente entre os bebês. Alguns adormecem facilmente, mas não permanecem adormecidos. Outros adormecem com dificuldade mas permanecem adormecidos. Outros bebês que provocam exaustão nem querem adormecer nem permanecem adormecidos.


Nos primeiros 3 meses de vida, bebezinhos raramente dormem por mais que 4 horas seguidas sem precisarem de uma mamada. Bebezinhos novinhos têm estômagos diminutos. Mesmo assim, eles dormem um total de 14-18 horas por dia. Entre 3 a 6 meses de idade, a maioria dos bebês começa a se acomodar. Eles estão acordados por períodos maiores durante o dia e alguns podem até dormir por 5 horas seguidas durante a noite. Entre 3 a 6 meses, esteja preparado para uma ou duas levantadas durante a noite. Você também verá que o período de sono profundo aumenta. Os períodos vulneráveis para acordar durante a noite diminuem e os bebês são capazes de entrar num sono profundo mais rapidamente. Isso é chamado maturidade do sono.


Hábitos de sono


LIÇÃO NÚMERO 4 PARA OS PAIS NA HORA DE DORMIR: Um fato importante a ser lembrado é que os hábitos de sono de seu bebê são mais um retrato do temperamento do seu bebê do que o estilo de seus pais colocarem-no para dormir. Tenha em mente que outros pais geralmente exageram quanto à quantidade de horas que os bebês deles dormem, como se isso fosse um distintivo de "bons pais", quando na verdade não é. Não é por sua culpa que o bebê acorda.


8. Bebês ainda acordam. Há uma variação entre os bebês sobre quando eles amadurecem para esses padrões de sono semelhantes ao de adultos. Entretanto, apesar de os bebês atingirem essa maturidade do sono entre a segunda metade do primeiro ano de vida, muitos ainda acordam. O motivo ? Estímulos dolorosos, como resfriados e dores da erupção dos dentes, tornam-se mais freqüentes. Acontecimentos importantes no desenvolvimento, como sentar, engatinhar, caminhar, levam os bebês a "praticarem" suas novas habilidades enquanto dormem. Então entre um e dois anos de idade, quando o bebê começa a dormir durante os estímulos para acordar acima mencionados, outras causas levam-no a acordar durante a noite, como ansiedade de separação e pesadelos.


Mesmo compreendendo o porquê de bebês terem uma tendência a acordar durante a noite, conclui-se que é importante tanto para pais quanto para os bebês terem uma noite de sono reparador, senão bebês, pais e seu relacionamento não vão vingar.


Traduzido por Flávia Mandic do site do dr. Sears

http://www.askdrsears.com/topics/sleep-problems/8-infant-sleep-facts-every-parent-should-know "

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Um Parto

Eram 4h15 de uma terça-feira, 5 de julho, quando fui acordada por uma cólica. Coloquei a mão na barriga, estava dura, esticada, como já vinha sentindo ficar muitas semanas antes. Nada para se preocupar, pensei. Voltei a dormir.

Por volta das 6h percebi meu sono cortado, flashes de memória confirmavam que a dor havia continuado e que acordara várias vezes durante o sono por conta dela. Levantei pesadamente, um pouco irritada, crendo ser a bexiga cheia. Nada. Era uma contração após a outra, em intervalos bem irregulares, ora 10 minutos ora 5. “Amor, estou com dor.” Ok, normal. Quantas vezes, nessas últimas semanas, você se queixara de dor?

5 de julho. Coincidência ou obra divina o dia em que meu marido havia dito que a Livia nasceria. Cinco meses de gestação e uma conversa entre eles: “pai, vou nascer no dia 5 de julho”. Lembrei algumas vezes dessa conversa, enquanto realizava os exames do pré-natal. 38, 39, 40 semanas e lá se ia a data provável do parto. Ia se aproximando do dia 5.

“Não vou ao trabalho hoje”, ele disse. “Não há o que se preocupar”, eu disse. Ele não foi. As contrações não cessaram e fui me arrumar. Tomar banho, escovar o cabelo, vestir a melhor roupa para aquele dia gelado. Peguei as malas; minha e dela. Chegara a Hora? Até então não estava convencida. Durante o trajeto casa-hospital, realizado em 40 min, apenas duas contrações. “Ah, que perda de tempo ir ao hospital...”

Onze horas e alguns quebrados e estávamos no hospital. Exames incômodos, eletrocardiotoco de rotina para saber dos batimentos cardíacos da pequena e revelar a constância e intensidade das contrações. “É, muito provável que seja hoje, Sra. Suellen”. “Naa...”, pensei. Fui para o soro de Buscopan, ele confirmaria: se as dores passassem, iria para casa, se não, ficaria. Soro corria e fazíamos palavras cruzadas, ríamos; meu companheiro amado. Fiquei.

Duas horas da tarde, outro soro corria, agora com ocitocina para regularizar as contrações. Camisolinha bonita essa do hospital, branca, não sei porque nos dão algo para vestir em que o corpo fica tão exposto. Sala pré-parto, liguei a TV, para ver algo familiar deixei no Discovery H&H; Esquadrão da Moda. Eu e o marido mantínhamos o bom humor, filmou-me, rimos. Mamãe ligou, chorei feito criança, pois ela não chegaria a tempo. Ela também chorou. Desligamos.

Fui perdendo o humor à medida que a sensação se tornava mais dolorosa. Ofereceram um banho que a princípio recusei, mas que depois fiquei tanto tempo que não sei dizer. O soro continuava correndo. 6cm disse o médico umas 16h30, estamos caminhando bem. A partir daí foram imagens cortadas: rompimento da bolsa, novo exame, outro banho... Por favor, tragam-me a anestesia. Minutos pareceram horas, como se partissem a minha lombar em dois.

Quanto supunha não agüentar mais: 9cm. Vamos para a sala de parto, respire devagar! Não conseguia. Não empurre! Não conseguia. Lutei para não abrir o berreiro na maca, pelos corredores do hospital. Além da dor, lembro de ter sentido imensa vergonha pelo que já gritara. Não notei a ausência do meu marido.

Sentaram-me na cama para aplicar a duplo bloqueio, anestesia que combina a raqui e a peridural. O bom humor voltou, instantaneamente! Estava tranqüila quando meu marido entrou pela porta, apesar de exausta. Deitaram-me e amarraram meus braços; colaborei, efeito zen da anestesia. Empurra-empurra, da pequena que vinha vindo. Não sei se foram 5 ou 6 empurrões. Parecia uma atleta para a qual todos dirigiam palavras de motivação: “vamos, querida, falta pouco”, “ela ta vindo, amor”, “força, força!”. Empurrava e meus olhos fechavam, achei que fosse desmaiar.

A pequena nasceu chorando e, como ela, estava a mãe.

Um abraço,

Suellen

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sling para Acalmar


De algumas semanas para cá, a pequena Livia vem relutando tirar sonecas de dia. A única infalível é a dada depois do banho de banheira, como a que ela está tirando neste momento. Aproveito então para dar um blá com vocês.

O sling vem se mostrando meu melhor aliado nesse momento. Apesar da Liv relutar um pouco em entrar, dorme tranquilamente nele, o que quer que eu faça. Então posso passear em qualquer lugar, andar na esteira, realizar afazeres da casa com ela etc. Claro, ela estará dormindo na maior parte do tempo, mas é gostoso tê-la no colo o tempo todo.

Alguns podem achar um absurdo. Hoje, existe uma vertente de pensamento cujo princípio é deixar a criança o mais independente possível. No entanto, penso como algumas mães: nessa fase de primeiros meses longe do útero materno, eles precisam de muito carinho e aconchego. Pesquisas evidenciam que em outras culturas, que não ocidental, os bebês choram muito menos. E qual o segredo? As mães atendem prontamente ao pranto ou estão com os bebês consigo, ação simples que evita o choro.

Ok, eu pensava, por comodidade, que acostumar com o colo não seria legal. No entanto, tenho experienciado a calma de minha pequena quando fica no sling. É gratificante vê-la feliz e tranquila no meu colo, mesmo nesse período de pico de choro (ápice com 2 meses). E para quem diz: "vai acostumar mal" ou "vai mimar", não sabe o que está falando. Se isso fosse verdade, eles sairiam de nossas barrigas mimados... rs

Numa crise de choro, digo para as mamães: saiam para uma caminhada vigorosa, com seus bebês no sling. Fará bem para a sua forma física, liberará serotonina, causando bem estar e seu bebê ficará muito contente! Espero um dia poder conversar mais sobre isso!

Um abraço!

Suellen




segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Rock do dia-a-dia


De uma hora para outra rimos, começamos a sustentar a cabeça, sentamos, engatinhamos, andamos, falamos... Todas essas coisas acontecem num piscar de olhos.

A faixa que decora o quarto encanta e faz rir, a música faz dormir, as cores agitam os braços e as perninhas ainda sem coordenação. Tantas coisas para ver, ouvir e sentir, que dormir durante o dia é perda de tempo. Parece que é assim que bebês pensam, pelo menos parece que é assim que a Livinha pensa. Cochilinhos de 40 minutos são suficientes para repor as energias? “São sim, mãe, estou pronta para a próxima!”

O rock rola solto, progressivo Hocus Pocus, tocado pela Kiss FM. E o soninho vai bem... Parece que a tv incomoda e o rock acalma, sorte a minha! Acordou... boceja e boceja, mas quem disse que dorme?

Canto para ti “but I still haven’t found what I am looking for” e você sorri, quase gargalha. Com Coverdale você chora um pouco, talvez saiba que não conseguiu vê-lo em sua passagem no Brasil. Um arrotão para o Axl Rose, para ele bater na porta do céu. Banho gostoso, quentinho. Dormi no bercinho, sem música, mas a mamãe, agora escrevendo, escuta De dododo de dadada, obra do Police, bem parecido com o meu primeiro falar.

Boa tarde, queridos!

Suellen

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sobre Amamentação


Tentando encontrar um bom tema para conversar um pouco com vocês, pensei na questão mais básica para sobrevivência de um bebê: o leite materno. E tentarei ser o mais breve possível, uma vez que me restam poucos minutos para o despertar da minha princesa.

Quando estava grávida não tive nenhum indício de que poderia amamentar após o parto. Devemos lembrar que além do inevitável aumento das mamas, algumas mulheres começam a produzir o colostro (soro que imuniza o bebê e prevê a chegada do leite) muito cedo, podendo ser notado ao se apertar os seios. Como isso não aconteceu comigo, muitas dúvidas surgiram na minha cabeça: será que poderei amamentar? Como acontece a produção do leite? Será que meu leite será forte ou fraco?

Sim, qualquer mulher pode amamentar e o leite virá como que por milagre! A sucção do bebê manda uma mensagem para o cérebro e através de um sistema de feed back que envolve os hormônios ocitocina e prolactina as mamas produzirão leite. Logo, quando o bebê está mamando, é bem provável que você sinta o “leite descer” (sensação semelhante a um formigamento nas mamas). Ok, mas quando vêm o leite? O leite propriamente dito costuma surgir em 2 ou 3 dias do nascimento, antes disso o bebê tem reservas suficientes para não sentir fome. Ou seja, não se preocupe! O bebê não chorará de fome nesses primeiros dias. Esses dias servem para o bebê se adaptar ao colo e seio da mãe e para você também aprender como dar de mamar. Ele receberá o colostro; sua primeira imunização.

Aprender a dar de mamar requer paciência. Há bebês que não apresentam nenhuma dificuldade, já outros precisam ser ensinados a sugar, a pegar corretamente o seio. É muito importante que a mãe esteja tranqüila e receba auxílio da equipe de amamentação do hospital. Minha única experiência mostrou que há bebês que precisam ser ensinados a sugar e para isso é preciso muita calma, tentar bastante, sem desistir. Fui orientada a usa o bico de silicone para facilitar o processo, mas não aconselho a ninguém. Tente, sim, dar de mamar várias vezes durante a estadia no hospital e não admita sair dele sem fazer isso com confiança.

Mas e quanto à produção de leite? Primeiro, é preciso dizer que não há leite forte ou fraco. Todos os leites alimentam muito bem, obrigada! A quantidade varia de mãe para mãe. Durante o período de amamentação a mãe deve tomar muita água (2 a 3 L/dia), essencial para produção do leite, descansar e manter uma alimentação saudável (tema para um próximo post). Algumas ações são importantes: para mães com pouco leite, pode-se fazer compressas de água morna no seio e estimular a produção através de bombas tira leite. Ao contrário do que se pode pensar, quanto mais se tira o leite, mais é produzido. Já para mães com muito leite, compressas de água fria e massagens nas mamas costumam ajudar no desconforto, quando elas estão duras.

Um desconforto também muito comum são os bicos rachados. A lanolina é a melhor solução para isso e recomenda-se usá-la já no terceiro trimestre da gestação, para iniciar a hidratação. Além disso, existem conchas de amamentação que não somente armazenam o leite que vai saindo das mamas (previnindo você de molhar toda sua blusa), como também ajudam na hidratação dos bicos. Todos os desconfortos relativos à amamentação costumam desaparecer em poucas semanas, uma vez que o seu corpo se habitua a demanda do bebê.

Aproveitando o papo sobre amamentação, gostaria de estimular as leitoras a, quando tiverem seus pequenos, doar leite. Sempre há um Banco de Leite Humano próximo a você. É muito fácil e você terá certeza de que estará fazendo algo muito bonito, dando alimento para bebês prematuros ou que estão em UTIs Neonatais, que neste momento não podem ou não conseguem mamar.

Vou terminando esse longo post. A Lívia está acordando.

Um abraço,

Suellen

para informação sobre Bancos de Leite Humano, clique aqui.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Quando o Choro Acontece


Todos sabemos da única linguagem instintiva com a qual os bebês nascem: o choro. O reflexo do choro pode ter vários motivos e também, acreditem, pode não ter nenhum. Os 3 principais fatores são: fome, sono e desconfortos diversos. Fome e sono explicam-se por si mesmos, mas a lista de desconfortos possíveis é imensa, causando nas mamães certo desespero em relação à demanda de seus pequenos. Cólica, dor, frio ou calor, fralda suja, dente nascendo, tédio (preciso de mais estímulo ou menos estímulo), até para demandar colo esses pequenos choram.

Por que tudo isso? Recém nascidos, de poucas semanas, costumam ter seus choros relacionados a fatores bem simples; geralmente fome e sono, se o bebê não estiver com algum tipo de dor. Mas conforme vão crescendo conseguem discernir que o choro pode causar alguma reação específica no cuidador. Logo, se sempre que o bebê chora você o acalenta no colo, provavelmente, quando ele quiser colo, irá chorar, pois prevê a ação que está por vir. Algo semelhante acontece na inserção da chupeta para acalmar os ânimos. Um bebê que dorme com a chupeta, pode começar a cuspi-la e chorar uma vez que sabe que alguém retornará no quarto para colocá-la de volta. Portanto, os choros se complexificam a medida que o bebê começa a tomar ciência das coisas em seu redor.

Existem algumas técnicas muito eficazes para acalmar o choro de um bebê de até três meses e o principio delas se baseia na simulação do ambiente uterino. Conforme o Dr. Harvey Karp, pediatra dos EUA com 30 anos de experiência na área, o bebê de até três meses vivencia o quarto trimestre da gestação. Isso porque, para esse especialista, os bebês são muito mais fetos do que crianças e a adaptação ao mundo de fora é bastante desconfortável. Logo, simular a barriga ativa os reflexos que acalmam o bebê. São eles: colocar na manta, de maneira que os braços fiquem bem apertadinhos; colocá-lo de lado ou de bruços; balançar ou mais conhecido como ninar; chiar perto do ouvidinho (shhhh); e, por último, ativar a sucção através da chupeta. Nesta ordem, o bebê vai acalmando.

Há quem discorde dessas soluções e defenda que o bebê deve ser deixado chorando, para aprender a se acalmar sozinho. Mas escrevo isso hoje para vocês alertando: não façam isso. Ontem tive uma experiência muito traumática, de deixar a Liv choramingar um pouco. Acreditem, o choro se intensifica até tornar-se inconsolável. Ontem, após o banho, recebemos belas visitas e a Liv ficou toda empolgada. O resultado foi uma tarde sem sono. Outra recomendação: nunca deixe seu bebê sem dormir, acreditando que ele dormirá bem depois, pois estará muito cansado (até para mamar). Estabeleça uma rotina e rituais de sonecas e você terá um bebê muito mais tranqüilo.

Bom e como a situação foi resolvida? Após minutos (que pareceram horas) de choro forte de sono, tentei tudo que vocês possam imaginar e após acalmá-la um pouco com um banho e balanço no colo, deitei-a no berço com a chupeta e o secador ligado. O chamado “ruído branco” produzido por motores de secadores, aspirador de pó e até por uma rádio sem sintonia servem muito bem na simulação do barulhão que bebês escutavam no útero. Assim o sono veio. Então, hoje, venho alertar: não deixem seus bebês chorando por muito tempo, tente, com tranqüilidade (esse é o mais difícil), usar técnicas para acalmá-lo. Você não vai mimar, afinal, pense como a transição útero-ambiente externo é para os recém nascidos. Eles precisam, sim, de ajuda nos primeiros meses e nós estamos aí para isso!

Um abraço!

Suellen


Técnicas para acalmar o choro: http://www.youtube.com/watch?v=s1_ifqYKmVw

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Blog Recém Nascido


Bom dia!

Motivada por alguns amigos, forma-se esse blog. Claro, existem inúmeros outros blogs cujas mães relatam o dia-a-dia de seus bebês, portanto este é mais um. Cumpre, no entanto, para mim, funções talvez mais distintas: registrar o desenvolvimento da Livia, minha pequerrucha de 2 meses e 9 dias; resgatar memórias de gravidez; inserir-me novamente no mundo "bloggístico", conversando também sobre assuntos diversos; e, finalmente, voltar a escrever um pouco para acabar com a solidão.

Não sei se seria esse último um bom assunto para iniciar um diário de bordo de mãe e bebê. Mas vamos a algumas poucas reflexões sobre esse tema, fazendo juz ao antigo Madame Schopenhauer. Toda a felicidade sentida ao se ter um filho, pode vir acompanhada de uma imensa solidão e negligência consigo próprio. Poucas mulheres se sentem seguras para dizer que tiveram problemas emocionais pós-gravidez. Afinal, a chegada de um bebê sempre é vista como motivo de felicidade por todos. Não obstante, 80% das mães costumam ter melancolia pós-parto ou chamado baby blues e um percentual relativamente alto de mulheres é diagnosticada com depressão pós-parto. A intenção aqui não é falar sobre esses "problemas", mas trazer a informação de que são raras as mães que se sentem realmente bem e seguras depois da gravidez. As causas são inúmeras, bioquímicas e psíquicas: variações hormonais e emoções provenientes das transformações causadas pela nova responsabilidade fazem parte da inúmera lista de causas de um desequilíbrio.

A natureza foi sábia para a perpetuação da espécie. É esperado que mães fiquem alerta o tempo todo, para proteção do recém nascido. Portanto, excesso de preocupação, de ansiedade e de zelo são normais e instintivos. Obviamente, isso implica em grande estresse; tanto para mãe, quanto para o bebê e família. O importante disso tudo é preparar as mães para esse período, orientá-las das dificuldades da maternidade, para uma melhor "gestão" dos sentimentos. Infelizmente, hoje, a maioria dos médicos obstetras não fazem senão orientar parcamente, acompanhando apenas os aspectos físicos das gestantes. É preciso entender que a chegada do recém nascido inicia uma fase breve de possíveis tristezas, mas que, muito em breve, quando os sorrisos do bebê surgirem (costumam acontecer entre 2 e3 meses), você se sentirá abençoada e conseguirá forças para suportar o estresse e cansaço físico.

Felizmente, essa fase para mim passou e esse blog se origina num momento muito tranquilo (sabe-se lá até quando... rs). A Livia, minha filha de 2 meses, começou a dormir das 19h as 7h, com duas mamadas apenas: uma as 22h30 e outra entre as 3h e 4h. Aquela que era a maior batalha do dia, colocá-la para dormir a noite, parece vencida. Foram noites de choro (meu, claro) na tentativa de acalmá-la. Esperamos que esse padrão permaneça, embora acredite que outros fatores como: dentinhos crescendo, aprender a virar de lado etc, serão perturbadores desse soninho bom de quase 12h.

Até pouquíssimo tempo era daquelas mães que perguntavam a outras: "mas como seu bebê de 3 meses dorme 8h seguidas?". Agora começo a entender nós, mães, quando calmas, passamos tranquilidade aos bebes e assim eles se tornam mais relaxados em suas atividades. O banho, atividade que cumpro sozinha e me causava grande agitação, passou a ser relaxado e relaxante para Livia. Um dia escrevo melhor sobre a questão do banho, porque ele realmente cumpre um papel essencial no acalmar de um bebê.

Vou terminando por aqui, para não tornar esse post imenso. Peço desculpas a quem lê pelo layout simples, escrita elementar e pouco coesa. Mas, o que venho aprendendo, é que ser mãe também é aceitar a imperfeição, pois corremos o risco de sobrecarregar nossos pequenos de expectativas. Aprimorar ou construir algo é um processo lento de melhorar detalhes, diariamente. Assim é ser mãe, assim espero que seja esse "diário".


Um abraço,

Suellen